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Capítulo 25 – Arsênio


Arsênio se lembrou de tudo o que havia planejado com êxito e rapidez, graças a Antera. Sabia do preço que precisava pagar para tornar aquilo tudo real. Sabia da inércia. Sabia da necessidade de ser um humano comum. Sabia que iria envelhecer. Mas a glória valia o preço e ter o mundo em suas mãos era um objetivo que ele estava disposto a conquistar sob qualquer preço.


Antera o havia ajudado a conseguir o que queria e, o fato de aceitar sacrificar a própria filha por ele, o convencia de que ela iria com ele até o fim. Até mesmo o fato de lhe dar o antidoto para voltar a consciência significava uma enorme prova de amor, afinal de contas, caso ela não quisesse prosseguir com aquilo, bastava mantê-lo em sua antiga condição, mas não, ela o trouxe de volta, portanto celebrariam juntos aquela conquista.


Pelo o que podia ver nos hologramas, todo o resto do mundo ainda estava na escuridão quanto ao que acontecia no Brasil e aquilo era ótimo. Ninguém iria intervir até que seu exército atingisse o ápice.


- Minha última lembrança – disse ele para Antera -, foi tão...tão gostosa. - Antera pareceu corar ao lembrar também do que havia acontecido no último encontro dos dois. - Aquele beijo – continuou ele -, foi a coisa mais maravilhosa que me aconteceu até hoje Antera.


Antera apenas sorriu. Talvez tímida por nunca ter recebido uma declaração como aquela.


- E agora – Arsênio disse -, você e eu vamos reinar, juntos, meu grande amor.


- Sim mestre - disse ela.


- Não – Arsênio falou. – Não me chame assim meu benzinho, me chame de seu amor.


- Sim, meu amor – Antera sorriu. – A propósito não gostaria de convidar Saul para entrar?


- Saul? Minha nossa, esqueci completamente. O que seria de mim sem Saul e seus cuidados. Mande-o entrar, por favor, ele vai querer acompanhar isto conosco.


Antera saiu para chama-lo e voltou rápido, com Saul logo atrás.


- É bom tê-lo de volta mestre – disse Saul assim que entrou.


- Sim, sim – Arsênio falou -, é ótimo Saul.


- E então, o que pretende fazer agora senhor?


- Agora vamos falar com Irineu. Quero saber dele como está nossa operação no Brasil e, depois disso, pretendo descansar um pouco antes de voltar até lá, afinal de contas precisamos cuidar de nossa operação e reinado.


- Claro senhor...digo, meu amor – disse Antera. - Vamos até ali.


Antera o guiou até o centro da sala, disse algumas palavras e então fechou os olhos. Saul e Arsênio ficaram olhando enquanto Antera chamava Irineu para estabelecer conexão no holograma. Antera tinha esse poder de falar na mente de quem quisesse, algo extremamente raro entre os bruxos, uma técnica que ela dominou com êxito após anos de treino.


- Ele já está se preparando querido – disse ela abrindo os olhos novamente -, já vamos nos conectar.


Não demorou muito e um holograma surgiu na frente deles e viram Irineu no topo de um prédio ao lado de um outro sujeito encarando-os com os olhos arregalados.


- Mestre, é uma honra – disse Irineu.


- É sim. E esse deve ser Mago, suponho? – Arsênio perguntou.


- É sim mestre. Tem sido um servo leal.


- Meus parabéns Mago – Arsênio falou -, tenho que reconhecer que fez coisas grandiosas para cumprir esse objetivo, para um humano comum, fazer o que você fez...tenha certeza de que será recompensado.


- Obrigado Mestre – Mago respondeu, sentindo as pernas bambearem diante do elogio.


- E qual a situação por aí? Já estamos em força máxima?


- Todos convertidos, senhor, mas ainda estamos nos agrupando, logo iremos expandir para as regiões Norte e Nordeste.


- Ótimo. Muito bem. É bom estarmos preparados para tudo. Reúna a todos o quanto antes, não podemos perder tempo e dar chance de reação. Logo nos juntaremos a vocês para degustarmos de nossa conquista.


- Sim, mestre. Está tudo sob controle. Nossas tropas já tomaram grande parte do país.


- Ótimo. Então cuide disso e volte a entrar em contato quando todos estiverem reunidos, vou acompanhar tudo daqui – Arsênio se interrompeu. - O que está acontecendo ali? – Continuou ele, olhando para trás de onde Irineu e Mago estavam.

Os dois se viraram para trás no momento em que um esquelético carregava um homem pelos braços indo em direção a eles.


- Mestre – o esquelético falou -, encontrei esse intruso aqui espiando. – E então jogou o homem desmaiado no chão, aos pés de Irineu e Mago.


- Não estavam todos mortos por aí, Irineu? – Arsênio perguntou, irritado.


- Sim mestre, digo...


- Resolva isso – Arsênio interrompeu. – Não podemos deixar brechas na operação. Volte a entrar em contato quando tiver tudo no seu controle.


- Mestre, espere – Saul falou -, esse não é um humano comum.


- E quem ele é, Saul? – Arsênio perguntou.


- Ele estava com você antes de partirmos para cá, é claro que não se lembra, mas ele é uma das duas mãos de poder, senhor.


Arsênio estreitou os olhos para ver melhor o homem desmaiado, fazendo repousar um silêncio desconfortável para Irineu, que se sentia responsável por ainda existir alguém vivo para estragar seu belo trabalho.


- Tem razão – falou Arsênio, finalmente -, ele não pode ser transformado.


Irineu pareceu confuso.


- Não pode?


- Não – disse Arsênio. – Preda-o e mantenha-o preso até eu chegar aí. O destino dele precisa ser diferente.


Irineu tentou responder, mas a conexão foi cortada.


- E agora, meu amor? – Disse Antera.


- Agora vamos ter de adiantar nossa partida para o Brasil, nossa operação corre perigo.


- Que tipo de perigo? – Antera perguntou, parecendo mesmo não saber do que se tratava.


- Essa parte não te contei, Antera – disse ele. – Mas junto com minha maldição veio uma predição. Só duas pessoas podem impedir nosso progresso e nos destruir e essas pessoas não podem ser transformadas e nem mortas, caso contrário voltarão ainda mais fortes, colocando tudo a perder.


- E quem é o outro homem?


- Isso nós só vamos saber quando chegar a hora e, quando chegar, saberemos o que fazer, mas até que chegue esse dia temos uma operação para controlar. O que acha de tomarmos um café antes de partir?

– Arsênio perguntou, aliviando um pouco o peso daquela conversa.


- Eu acho ótimo – disse Saul e Antera concordou, indo prepara-lo. Arsênio e Saul se sentaram em silêncio, refletindo nos próximos passos que dariam após aquele que poderia ser o último café.


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